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Quando se fala em manutenção preventiva em equipamentos médico-hospitalares, sempre vem a mente redução de custos para os hospitais e/ou para quem fornece o equipamento. Porém há um ponto muito mais relevante em relação a realização das manutenções preventivas, que é a diminuição de riscos aos pacientes. Sem contar que alguns dos benefícios trazidos pela realização de manutenção preventiva dos equipamentos médico-hospitalares não são quantificáveis.
Dos problemas enfrentados por equipes técnicas em hospitais, a falta de um roteiro do próprio fabricante para execução de preventivas é um dos mais sérios. O que dificulta muito o trabalho da equipe de manutenção, que além de realizar as preventivas, tem que elaborar roteiros de MP (Manutenção Preventiva) e ainda avaliar a periodicidade com que esta deve ocorrer.
Portanto, o planejamento das MPs é essencial para manter a organização e agilidade desses processos.
A organização, principalmente no meio hospitalar é um fator de peso, pois é o que determina, muitas vezes, o tempo que uma manutenção preventiva irá levar para ser feita e sua assertividade. Levando em consideração que a ineficiência nos processos pode levar um hospital a ter mais perdas do que ganhos financeiros com as preventivas. Além da possibilidade de gerar transtornos tanto para os pacientes quanto para equipe de atendimento a este primeiro.

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Para planejar e implantar um programa de manutenção preventiva, levantar datas e horários que devem ser seguidos rigorosamente, estabelecer um roteiro detalhado de todos os procedimentos a serem realizados, levantar a lista de ferramentas e equipamentos que serão utilizados para testes e todo o material necessário, são pontos cruciais que garantem a eficiência na realização das preventivas.
O planejamento das MPs deve ser discutido em conjunto com todos os envolvidos, tanto usuários, administração quanto corpo técnico. Além disso esse planejamento deve ser constantemente revisto e atualizado de acordo com as necessidades.
De acordo com experiência no meio das tecnologias médico-hospitalares desenvolvemos nesse post 5 passos para o planejamento eficiente de manutenções preventivas.
1. Levantamento de dados estatísticos e histórico dos equipamentos
O primeiro passo para desenvolver um planejamento de manutenções preventivas eficiente é o levantamento de dados e informações sobre os equipamentos médico-hospitalares. Isso porque as informações sobre o equipamento é o que mais auxilia um técnico ou gestor na tomada de decisão.
Portanto, os dados iniciais que devem ser levantados são:
- Identificação do equipamento: nome do equipamento, marca e modelo e até idade do mesmo;
- Local que o equipamento pertence;
- Estado de uso do equipamento, se esta em uso ou desativado;
- Grau de utilização do equipamento;
- Obsolência tecnológica.
Uma vez que se levanta os dados primários do equipamento, deve se iniciar o processo de priorização. O detalhamento desses dados iniciais você pode ver em um outro post nosso:
Manutenção preventiva em Hospitais: como deve ser feito?
Priorização de equipamentos
Alguns critérios de seleção de equipamentos devem ser levados em consideração antes de se iniciar um programa de manutenção preventiva. Os critérios a serem sevados em consideração são:
- Recomendação: aqui entram equipamentos médico-hospitalares que são sujeitos à fiscalização de algum órgão governamental para seu funcionamento; e também os equipamentos em que algumas peças tem vida útil já pré-determinada pelo fabricante.
- Risco: nesse critério entram os equipamentos que podem gerar riscos a vida do paciente e/ou do operador em caso de falha.
- Importância estratégica: já neste ponto são os equipamentos que tiveram a preventiva solicitada pela administração, equipamentos de reserva, ou de alto grau de utilização, isto é, que sua paralisação impossibilita um ou mais serviços oferecidos.

2. Levantamento de dificuldades enfrentadas pelos usuários do equipamento
Para conseguir elaborar um plano de ação ou roteiro de manutenção preventiva de um ou mais equipamentos é preciso saber como o equipamento se porta no dia a dia, se ele apresenta alguma falha, mesmo que mínima, depois de certo tempo de uso, ou se o equipamento apresenta algum erro, ou medição incorreta, não é mesmo?!
É possível que algum ponto possa passar despercebido pelo técnico ao realizar o checklist e algum problema permaneça. Portanto é importante que os gestores/técnicos conversem com os usuários dos equipamentos médicos, para que estes exponham as dificuldades enfrentadas na operação de cada equipamento, quais as melhorias que devem ser feitas para que haja melhoria no desempenho.
Querendo ou não, são eles que vivenciam e manuseiam esses equipamentos diariamente, o que faz com que eles tenham propriedade para opinar no planejamento de preventivas.
3. Cronograma
A criação de um cronograma é uma das partes mais importantes no planejamento de manutenções preventivas. Esse é o momento de colocar tomar nota de forma objetiva todo o processo da manutenção preventiva, atentando-se a pontos como:
- Início e fim da preventiva;
- Quem faz o que;
- Quanto tempo levará cada procedimento;
- Quais os recursos necessários.
4. Programação
Nesse momento, de acordo com tudo que foi levantado sobre os equipamentos médico-hospitalares, deve-se fechar datas para realização da manutenção preventiva e sua periodicidade.
Estabelecer a periodicidade de uma manutenção preventiva não é uma tarefa simples e não há uma formula mágica para resolver todas as questões envolvidas. Portanto, indica-se que seja o estabelecimento da periodicidade seja de acordo com a frequência em que ocorrem falhas que as manutenções preventivas podem evitar.
Com isso, deve-se levar em consideração alguns fatores, como:
- As condições de operação do equipamento, ou seja, qual a probabilidade de falha apresentada pelo equipamento, equipamentos elétricos que são expostos a fluidos etc..
- Frequência de uso do equipamento, equipamentos mais usados precisam de maior atenção.
- Experiência pessoal do técnico/Engenheiro Clínico (A experiência com o equipamento ajuda a determinar a frequência da preventiva.).

5. Elaboração de roteiros
Assim como o conteúdo dos procedimentos deve ser completo em relação as informações contidas, os roteiros também devem se dotados de tal complexidade de informações. Isso para que seja assegurado o nível minimo de inspeção.
Um roteiro deve ter basicamente informações, como:
- Inspeção geral;
- Troca de peças e acessórios com vida útil vencida;
- Lubrificação geral;
- Aferição e posterior calibração do equipamento;
- Testes de desempenho e de segurança.
É importante que no início de cada roteiro sejam descritas as ferramentas que serão usadas no processo, os equipamentos de testes de cada tarefa.
Além dos pontos citados acima, também deve ser levado em consideração as recomendações oferecidas pelos fabricantes
O planejamento de qualquer procedimento relacionado a equipamentos, dentro de hospitais, tem uma carga de importância enorme, isso porque se trata, muitas vezes, da segurança, tanto do paciente quanto do funcionário. Quando esse planejamento é bem feito, seguindo padrões de organização, com foco na eficiência, assertividade e garantindo o melhor desempenho nas ações, é certo “dores de cabeça” serão evitadas.
Dúvidas ou sugestões? Comente! 🙂